quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Caracterização de Álvaro de Campos

Biografia

Álvaro de campos nasceu em Tavira a 15 de Outubro de 1890. Fez o Liceu em Portugal e o curso de engenharia na Escócia.
Era engenheiro naval. 
Era Alto, magro e tinha tendência a curvar-se.

Traços da sua poetica

-Poeta modernista
-Poeta sensacionalista
-Cantor das cidades e do cosmopolitismo
-Cantor da vida marítima em todas as suas dimensões
-Culto das sensações sem limite
-Poeta do verso torrencial e livre
-Poeta em que o tema do cansaço se torna fulcral
-Poeta da condição humana partilhada entre nada da realidade e o tudo dos sonhos
-Observador do quotidiano da cidade através do seu desencanto

1ª Fase - Descadentismo

-Abulia, tédio de viver
-Procura de sensações novas
-Busca de evasão

2º Fase - Futurismo

-Elogio da civilização industrial e da técnica
-Ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional
-Atitude escandalosa

2º Fase - Sensacionismo

-Vivência em excesso das sensações
-sadismo e masoquismo
-Cantor lúcido do mundo moderno

3º Fase -  Pessomismo

-Dissolução do "eu"
-A dor de pensar
-Conflito entre a realidade e o poeta
-Cansaço, tédio, abulia
-Angustia existencial
-Solidão
-Nostalgia da infancia


Características de Ricardo Reis - O Poeta da Razão

Biografia

Nasceu no Porto, no dia 19 de Setembro de 1887.
Foi educado no colégio jesuíta, onde se formou em Medicina.
Em 1919 partiu para o Brasil.
Era moreno, baixo baixo e mais forte que o Caeiro.




-Aproveitar o presente, porque sabe que a vida é breve;
-A concepção dos Deus como um ideal humano;
-As referência aos deuses da Antiguidade;
-A recusa de envolvimento nas coisas do mundo e dos homens.

Epicurismo

-Busca da felicidade relativa;
-Moderação nos prazeres;
-Fuga à dor;
-Ataraxia

Estoicismo

-Aceitação das leis do destino;
-Indiferença face às paixões e à dor;
-Abdicação do lutar
-Auto-disciplina

Horacianismo

-Carpe diem: vive o momento;
-Aurea mediocritas: a felicidade possível no sossego do campo

Paganismo

-Crença nos deuses;
-Crença na civilização da Grécia;
-Sente-se um "estrangeiro" fora da sua pátria

Culto do Belo

Intelectualização das emoções

Medo da Morte

Quase ausência de erotismo

Neoclassicismo

-Poesia construída com base em ideias elevadas;
-Odes

Características Estilísticas

-Submissão da expressão ao conteúdo;
-Estrofes regulares de versos decassilábico
-Versos brancos;
-Recursos frequentes à assonância; à rima interior e à aliteração
-Predomínio da subordinação
-Uso frequente do hipérbato;
-Uso frequente do gerúndio e do imperativo
-Uso de latinismos
-Metáforas, eufemismos, comparações, imagens
-Estilo constituído com muito rigor e muito denso




Características do Alberto Caeiro - O Mestre Ingénuo

Biografia

Nasceu em Lisboa, no dia 16 de Abril de 1889.
Viveu quase toda a vida no campo, ficou órfão do pai e da mãe desde de muito cedo e vivia de pequenos rendimentos, com uma tia-avo.
Não tinha profissão nem educação literária para alem da 4ª classe.
Era de estatura media, louro e tinha olhos azuis.




Para este heterónimo fazer uma poesia é uma atitude involuntária  espontânea  pois viver no presente , não querendo saber de outros tempos, e de impressões  sobretudo visuais, e porque recusa a introspecção  a subjectividade, sendo o poeta do real objectivo.

Canta o viver sem dor, o envelhecimento sem angustia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir o ser com o estar, o combate ao vicio de pensar, o ser um ser uno, e não fragmentado.

- Discurso poético de características oralizantes: vocabulário correcto, simples, frases curtas, repetições, frases interrogativas, recurso a perguntas e respostas, reticencias;
-Apologia da visão como valor essencial;
-Relação de harmonia com a natureza;
-Rejeita o pensamento, os sentimentos, e a linguagem porque desvirtuam a realidade

Objectivismo:

-Apagamento do sujeito;
-Atitudes anti-lírica;
-Atenção à "eterna novidade do mundo"
-Integração e comunhão com a natureza
-Poeta deambulatório

Sensacionalismo:

-Poeta das sensações tal como elas são;
-Poeta do olhar;
-Predomínio das sensações visuais e das auditivas;

Anti-metafisico

- Recusa do pensamento;
-Recusa do mistério;
-Recusa do misticismo

Panteísmo Naturalista

-Tudo é Deus, as coisas são divinas;
-Paganismo;
-Desvalorização do tempo enquanto categoria conceptual;
-Contradição entre "teoria" e "pratica"

Caracterização Estilística

- Verso livre
-Métrica irregular
-Despreocupação a nível fónico
-Pobreza lexical
-Adjectivação objectiva
-Pontuação lógica
-Predomínio do presente do indicativo;
-Frases Simples;
-Predomínio da coordenação;
-Comparações simples;
-Raras metáforas




Poema " Gato que Brinca na Rua" - Fernando Pessoa


Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.




És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Temas Abordados no Poema:

-A falsidade de pensar
-O isolamento do “eu” face às “pedras e gentes”
-Inveja do sujeito poético na incapacidade de racionalização do animal
-O desconhecimento
-A sensação de estranheza do “eu” em relação a si próprio

Analise Formal do Poema

-Três estrofes
-Quadras
-Rima Cruzada
-Redondinha Maior

Recursos Estilísticos

-Comparação- “ O gato que brinca na rua/ Como se fosse na cama”
-Aliteração/ Repetição “ E sentes só o que sentes”
-Personificação- “ Bom servo das leis fatais”
-Anáfora- “ Que regem pedras e gentes/ Que tens instintos gerais”
-Aliteração- “ Leis/Fatais/Pedras/Gentes”







Poema "Ela Canta Pobre Ceifeira" - Fernando Pessoa


1ª Parte

Ela canta, pobre ceifeira
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anónima viuvez,

Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz à o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões p'ra cantar que a vida.


2ª Parte

Ah! canta, canta sem razão!
O que em mim sente  'stá pensando.
Derrama no meu coração
A tua incerta voz ondeando!

Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência

Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!

Analise do Poema

1-Identifica o objetivo de analise do sujeito de enunciação.
R: O canto da Ceifeira
1.1- Explica os aspectos que a ele estão associados, na opinião do sujeito poético, fundamentando-te no poema.
R: Ele vai associar o canto da ceifeira a um estado de felicidade a um canto de uma ave.
1.1.1- Conclui as inferências do "eu".
R: Conclui que o canto da ceifeira revela a felicidade de uma mulher que de acordo com o sujeito poético, revela uma incongruência de uma mulher que não pensa, não sente dor.

2-Procede ao levantamento dos adjectivos presentes na 1º estrofe.
2.1- Apresenta uma possível explicação para a sua anteposição ao nome.
R: Anteposição dá-nos uma maior subjectividade.

3-O cantar da ceifeira surge comparado ao ondular do canto de uma ave.
3.1- Propõe uma explicação para este facto.
R: Tal como o canto de uma ave, o canto da ceifeira era caracterizado por uma frequência e desgastante.

4-Considera o verso "Ouvi-la alegra e entristece" (V.9).
4.1- Identificar a figura de estilo aqui presente
R: Antítese
4.2- Apresenta a razão dos sentimentos antagónicos referidos no verso.
R: O alegra situa-se no plano de sentir. O entristecer situa-se no plano de pensar.

5-Esclarece o sentido dos últimos dois versos da 3ª estrofe.
R: A ceifeira canta desta forma tão alegre e feliz exactamente devido à sua inconsciência.

6-Evidencia as vontades manifestadas pelo sujeito poético nas 3ª ultimas estrofes.
R: Manifesta 2 desejos: inconsciente com ela e cociente disso. Também deseja que a alma dele fosse tão leve como a sombra dela.

7-Identifica as passagens em que o sujeito poético exprime:
7.1- a dor de pensar;
7.2- a efemeridade da vida.

8-Analise Formal do poema
6 estrofes; Quadras; Rima Cruzada (sempre); tem 8 silabas métricas






Poema "Isto" - Fernando Pessoa


Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo.  Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir?  Sinta quem lê!

Analise do poema

1-Lê o poema com atenção e responde às questões
1.1-Qual a temática principal do poema? 
R: O poeta é um fingidor
1.2-Que aspetos da teoria da criação poética de Fernando Pessoa contem este poema?
R: Utilizar a imaginação e a razão para sentir.
1.3- O sujeito é acusado de ser um fingidor. Justificar esta afirmação.
R: Ele nunca sente aquilo que realmente escreve nos poemas.
1.4-Aqui, como é definida a noção de fingimento?
R: Uso da imaginação e não do coração
1.5-Como se explica a recusa de usar o "coração"?
R: Porque o coração revela a sua dor verdadeira e ele quer mostrar a dor fingida.
1.6- Nesta arte poética, que relevo é dado ao leitor?
R: Ele dá bastante importância aos leitores


Poema "Autopsicografia" - Fernando Pessoa


O poeta é um fingidor

Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.


E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.


E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Analise do poema

1-Considera a 1ª Quadra.
1.1-Propõe sinónimos para o conceito "fingidor". 
R: Transformador, Simulador
1.2-Define a relação entre o plano do "fingir" (fingimento) e o de "deveras" sentir, ou seja, da sinceridade. 
R: Ele finge aquilo que sente. Finge os sentimentos.

2-Atenta a 2ª estrofe.
2.1-Identifica os elementos textuais que confirma o tópico informativo apresentado. 
R: São os leitores.
2.2- Propõe uma explicação para o verso "Não as duas que ele teve".
R: Ele teve 2 dores, uma verdadeira e uma fingida.

3- 3ª Estrofe.
3.1- Descreve o papel do "coração" e da "razão" no processo de criação poética.
R: Coração- Sentimentos, Razão - Pensar, o que leva a fingir
3.2- Identifica a figura de estilo presente nesta estrofe.
R: Comparação entre o coração e o comboio de corda.

4.Analise formal
4.1- rimática
R: Cruzada
4.2- métrica
R: 9
4.3- estrófica
R: 3 estrofes, em quadras

Comentário do Poema "Poema Primeiro" - Alberto Caeiro

Este poema foi escrito por um heterónimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro.
Alberto Caeiro, nos seus poemas utiliza a variedade da Natureza.
Para ele a natureza é um sitio calmo, um sitio onde pode relaxar, ouvindo os animais como diz o poema "Como um ruído de chocalhos".
Este heterónimo sente-se em paz quando esta perto da natureza sem ninguém por perto, como é referido no poema "Toda a paz da natureza sem gente".
Pessoa pensava que ao contrario de Alberto Caeiro escrevia poemas sobre este facto. Para o sujeito poético o olhar era bastante importante assim conseguiria escrever os seus poemas, o olhar fazia com que ele senti-se e vi-se a natureza. Tudo o que ele escrevia era real, escrevia o que via não utilizava subjectividade, nem recursos estilísticos, ou seja, a poesia deste é quase prosa.
Os poemas são fáceis de perceber, utilizava sempre uma linguagem simples e objectiva.

Nota Informativa Sobre Fernando Pessoa

Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido por Fernando Pessoa ou só Pessoa, nasceu no dia 13 de Junho de 1888 em Lisboa.
Em 1896 foi com sua mãe e o padrasto para África do Sul, onde fez os seus estudos da primária e do secundário.
Regressou mais tarde a Portugal (1905) e começa a tirar um Curso Superior de Letras, onde mais tarde, 1907,  desistiu.
Em 1912 estreia-se na revista " A Águia" com artigos da natureza.
Em 1914 criou os seus 3 heterónimos, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.
Este poeta marcou o movimento modernista em Portugal. Pessoa e outros artistas lançaram a revista Orpheu onde só saiu apenas 2 números: o 1º em Março e o 2º em Junho, estes 2 números provocaram escândalo o que motivou troça nalgumas impressa lisboetas.
Morreu em 30 de Novembro de 1935.